A 2 de março de 2020, a ministra da Saúde anunciou a confirmação do primeiro caso de covid-19 em Portugal. Desde então, epidemiologistas, virologistas e outros cientistas tornaram-se protagonistas improváveis do espaço mediático. O médico de saúde pública Ricardo Mexia, o virologista Pedro Simas e os investigadores Tiago Correia e Raquel Duarte foram alguns deles.
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Segundo Rui Gaspar, a pandemia ajudou a diminuir a distância entre os cientistas e o público. Um dos aspetos positivos foi a maior literacia em saúde: os cientistas ganharam um palco que não tinham, mas o volume de intervenções foi positivo ou prejudicial?
“Discutir o valor do R(t) era uma coisa de nicho, não um assunto diário do telejornal”, relembra Ricardo Mexia. O argumento da hipermediatização da covid-19 é rejeitado por Tiago Correia. “Este acontecimento é estrutural na nossa História, vamos olhar para isto como se olhava para a gripe espanhola em 1918.” Rui Gaspar concorda com Correia e nega ainda que o recurso aos especialistas tenha sido um problema ou um exagero, porque, “em muitos estudos sobre a confiança das fontes de informação, habitualmente, os cientistas aparecem no topo”.
Portanto, a aposta na comunicação de ciência é “uma lição” para o futuro. Ao longo da pandemia percebemos que “a forma como se comunica faz a diferença”, continua o professor da Católica. E isso teve influência na perceção do risco e na adesão das pessoas às medidas, justifica Raquel Duarte. “A população portuguesa mostrou uma elevada literacia nesse aspeto”, resume.
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