As eleições presidenciais norte-americanas têm uma importância que transcende a política doméstica daquela grande potência. Queira-se ou não, os EUA são uma das maiores democracias do mundo; e no nosso mundo - o Ocidente - a grande nação americana sempre exerceu, desde há um quarto de milénio, um papel fundamental, de inspiração política, de proteção militar e de projeção de poder. Na semana que vem acontecerá ali nova eleição. Dizem-nos que esta é muito especial, porque acontece num contexto planetário de regresso das guerras - militares, económicas, sociais, sociais ou identitárias - de proliferação de vilões populistas ou neoimperialistas e de erosão dos mecanismos de segurança internacionais (como a ONU). Sim, os tempos são hoje mais difíceis e incertos do que quando a Guerra Fria acabou. Mas, olhados da Europa, nenhum dos dois candidatos presidenciais norte-americanos parece ser ou ter a chave da solução para os males do mundo.
Nem Donald Trump, nem Kamala Harris apreciam particularmente a Europa, que há muito, pelo menos desde que o planeta mudou, em 2001, deveria ter começado a pensar nela própria. A desglobalização é transversal aos dois e o protecionismo foi a nota comum, também, no debate entre os potenciais vices, J. D. Vance e Tim Walz. Trump acha que paga demasiado à NATO e não quer saber do TPI; mas não é claro que a maior abertura diplomática de Harris traga uma desescalada dos grandes conflitos internacionais.
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