Estamos a observar um processo de desenvolvimento da Inteligência Artificial cuja funcionalidade, significado, direitos e responsabilidades, efeitos colaterais e ameaças, colocam dilemas éticos. Estes desenvolvimentos colocam um conjunto de questões em que se debate a relação entre o valor acrescentado pela Inteligência Artificial e o valor humano, numa sociedade marcada pela informação, como já se verifica pela substituição de agentes humanos por robots, em muitos processos de trabalho.
A Inteligência Artificial coloca, por um lado, dilemas intrínsecos, resultantes da discriminação ou viés algorítmico, que se infiltra na criação das ferramentas matemáticas. E, por outro, dilemas extrínsecos, decorrentes do facto consumado e seu crescimento vertiginoso, sendo bastante evidente para qualquer pessoa que existem linhas vermelhas a traçar na relação entre humanos e seres artificiais. Num cenário de coexistência de humanos e máquinas inteligentes, que respostas tem a autonomia do ser humano como fundamento da ética? O sentido de dignidade humana está desafiado conforme as nossas escolhas ao nível da religião, política e economia. Ressurgem questões de fundo: Quem sou eu? Onde estou? Onde me puseram?
Apesar de não existir a Inteligência Geral Artificial descrita em obras de ficção e pelos teóricos da chamada singularidade, vamos falar sobre o que sabemos, como chegámos aqui e em que direções poderemos seguir mediante as nossas escolhas morais e o melhor usufruto possível da liberdade.