Desde sempre, todas as alterações tecnológicas e técnicas decorrentes, implicaram mudanças a nível ético, político, jurídico, mas, por vezes, também antropológico. São alterações culturais, no sentido mais profundo e vasto que o sentido do termo «cultura» possa veicular. A Inteligência Artificial, sendo um produto de origem humana – não foi criada por deuses ou por máquinas, mas por seres humanos – na sua complexidade e profundidade, em termos de desenvolvimento, suscita questões e requer respostas para essas questões, não apenas em termos tecnológico-técnicos, mas, sobretudo, em termos éticos, políticos, jurídicos e antropológicos. É toda uma nova e complexa forma de cultura que se encontra implicada pela Inteligência Artificial e o seu desenvolvimento.
Questões exclusivamente antropológicas ou de outro âmbito, mas sempre de origem antropológica, surgem agora: Autodeterminação das máquinas?; Uma ética e uma política das máquinas?; Uma possível singularidade mecânica a partir da Inteligência Artificial, a que corresponda uma nova forma de antropologia, uma mechano-antropologia?; Pessoas de Inteligência Artificial, ou a Inteligência Artificial em forma pessoal?; Hibridação entre máquinas-pessoas e pessoas sem mais ou hibridação entre máquinas e pessoas sem mais?; Quais são, então as implicações éticas, políticas, jurídicas e antropológicas que se podem antecipar?