São enormes os desafios éticos que a Inteligência Artificial tem vindo a pôr aos mais diversos aspetos da vida em sociedade, em contextos culturais e pessoais, com reflexos na vida familiar, académica e profissional.
A otimização dos sistemas de Inteligência Artificial, parece ser diretamente proporcional à desumanização das relações humanas, que passam a caracterizar-se por cálculos de custos e benefícios com recurso, já não à mera razão instrumental, mas à instrumentalização ou maquinação da «razão», que se faz sentir nos mais variados domínios da existência.
Importa compreender, por exemplo, porque somos inundados com publicidade a determinados produtos e não a outros? Haverá forma de responsabilizar sistemas de Inteligência Artificial por, por exemplo, violarem a proteção de dados? Qual a eficiência de Códigos Deontológicos ou mecanismos jurídico-legais para controlar sistemas de Inteligência Artificial que se otimizam a si próprios, sem mediação humana? Certamente que os sistemas de Inteligência Artificial possuem virtualidades, mas como impedir possíveis consequências nefastas, dado que, a partir de determinado momento, deixamos de controlar os processos decisórios?
É necessário refletir sobre o sentido da intervenção humana, que envolve razão e emoção nos processos intencionais, deliberativos, na tomada de decisões e na assunção de responsabilidades. Aí se revela o humano.