"Verificámos que durante o horário de verão, os pacientes adormeciam a uma hora semelhante, mas acordavam mais de uma hora antes nos dias de trabalho. Isto resulta numa perda sustentada de sono", diz a investigadora Cátia Reis.
Todos os anos, a chegada da primavera traz uma discussão recorrente: devemos ou não alterar a hora dos relógios para que a luz do dia se mantenha até mais tarde? Esta decisão política ganha uma hora extra de luz à noite durante o Verão e afeta um quarto da população mundial. Mas será esta a melhor decisão de acordo com a nossa fisiologia? Um novo estudo conduzido por Cátia Reis, investigadora pós-doutorada do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM, Portugal), e publicado na revista científica Journal of Pineal Research, mostra que mudar os relógios na Primavera custa mais de uma hora de sono a doentes que sofrem de um distúrbio chamado atraso de fase de sono.
A maioria dos organismos responde a um relógio interno que adapta as respostas fisiológicas ao tempo solar. Nos mamíferos, o ciclo de luz e escuridão é, de longe, o estímulo mais importante.
"O nosso corpo responde ao ciclo de luz e escuridão produzindo melatonina, que induz o sono. Esta hormona, a melatonina, muitas vezes chamada a “hormona da noite”, é produzida em resposta à ausência de luz e degradada pela luz da manhã", explica Cátia Reis, líder do estudo, acrescentando: "Normalmente a melatonina é produzida em média até 3 horas antes de dormir. Cada pessoa tem o seu próprio momento de produção da hormona. Algumas pessoas produzem-na mais cedo e ficam cansadas mais cedo à noite, mas também acordam logo ao amanhecer: chamamos-lhes 'cotovias'. Outras são mais como corujas, ficam acordadas até mais tarde à noite e dormem mais durante a manhã. A maioria de nós é, na verdade, como pombas, com um padrão de sono algures entre estes dois extremos. As pessoas que sofrem de atraso de fase de sono são corujas extremamente tardias".
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