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Augusta Gaspar: "Europa está num caminho mais sustentável? Como pode a psicologia levar-nos a um caminho mais verde?"

Segunda-feira, Junho 24, 2024 - 01:00
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Executive Digest Online

O Parlamento Europeu (PE) tem agora uma nova composição, fruto dos resultados das eleições europeias do passado dia 9. Num estudo recentemente divulgado, o PE indica que para 27% dos cidadãos europeus a ação climática deve ser uma das prioridades da próxima legislatura - um número que cresce para 33% quando estamos a falar de jovens com menos de 25 anos.

Para a GenZ, a crise ambiental e a eco-ansiedade é uma realidade. Ora, de que forma pode a psicologia ajudar a intervir no combate à crise climática? Se se levar em linha de conta que 80% da legislação ambiental é decidida na União Europeia, pode medir-se o impacto de como a pressão climática pode conduzir os eurodeputados a uma abordagem mais urgente e mais precisa sobre as alterações climáticas.

Para esclarecer este ponto, falámos com a professora Augusta Gaspar, coordenadora do programa de mestrado de Psicologia e Sustentabilidade Ambiental da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, que nos explicou que as eleições europeias - assim como a campanha eleitoral - foram uma oportunidade falhada no que diz respeito a uma maior consciência ambiental.

Como pode a psicologia ajudar a transformar uma sociedade para um caminho mais sustentável e verde? A Psicologia tem vindo a acumular muito conhecimento acerca daquilo que motiva (ou não) as pessoas para fazerem o que fazem, em muitos domínios da vida e atividades humanas. Esse tipo de conhecimento é aplicado em diversos contextos - na educação, nas organizações, na clínica e na saúde; o marketing usa abundantemente esse conhecimento para orientar os comportamentos de consumo das pessoas. Ora, um tal conhecimento não pode ser desperdiçado, e devemos recorrer a ele o mais possível no sentido de desenharmos e testarmos intervenções que conduzam a maior envolvimento em condutas pro-ambientais e a mudanças profundas em ações que prejudicam o ambiente.

A Psicologia dispõe de conhecimento base e também de ferramentas para fazer estudos no sentido de compreender o que leva as pessoas a envolver-se em comportamentos pró-ambientais ou o que as impede de o fazer, as barreiras que se interpõem, mesmo quando as pessoas estão motivadas. A ciência da Psicologia permite gerar informação objetiva acerca das perceções que as pessoas têm dos problemas ambientais e das suas soluções, e acerca da perceção que têm do seu próprio papel e meios para se envolver como parte da solução.

Penso que é fundamental que a Psicologia - ao serviço da sustentabilidade ambiental - desenvolva investigação destinada a compreender as representações que as pessoas de grupos e geografias diversas têm das questões climáticas e do seu papel nelas, porque diferem muito não apenas entre gerações, mas entre muitos outros grupos. A investigação deve ter como objetivo último perceber de que meios e oportunidades as pessoas necessitam para se envolverem e fazerem parte da solução dos problemas ambientais.

A crise climática traz consigo problemas de saúde gravíssimos e liga-se intrinsecamente às convulsões sociais e políticas emergentes. Na área da Psicologia Ambiental tem-se vindo a descobrir como o ambiente afeta as pessoas, e como há uma forte interligação entre a saúde (mental e física) e o bem-estar e o ambiente, incluindo os muitos efeitos reparadores e profiláticos do contacto com a natureza. As pessoas também devem ser informadas de tudo isto e podem desenvolver-se ações de Psicoeducação nesse sentido.

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