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Guerra mediática: propaganda russa aposta no medo, Ucrânia conquista a opinião pública ocidental com a ajuda das redes sociais

Quinta-feira, Março 3, 2022 - 00:01
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Expresso Online

Há muito tempo que Putin preparava a narrativa interna e externa para invadir a Ucrânia, mas desta vez foi surpreendido, dizem os especialistas: o líder russo não contava com uma tomada de posição tão forte por parte do Ocidente nem com o heroísmo mediático do Presidente ucraniano, que continua a inspirar a resistência no país e a ganhar a batalha da comunicação - pelo menos para já

"Estamos a assistir a um novo tipo de guerra." A frase é de Sandra Fernandes, especialista em relações entre a União Europeia e a Rússia. O acompanhamento mediático ao segundo de uma guerra não é novidade - aconteceu em 1991 na invasão do Iraque -, mas desta vez "tem outro significado, dada a condenação política da agressão de Putin", aponta a investigadora da Universidade do Minho.

A comunicação é central para entender o que se está a passar na Europa: enquanto que a Rússia está a apostar na sua máquina de propaganda já bem oleada, a Ucrânia está a garantir a resistência interna e o apoio da comunidade internacional através de uma comunicação moderna e auxiliada pelas novas tecnologias.

Do lado russo, a estratégia de comunicação tem um foco: o medo. "O Kremlin está a seguir uma linha muito tradicional da propaganda: incutir o medo tanto no povo ucraniano como no mundo ocidental para atingir os objetivos", aponta Nelson Ribeiro, investigador de média na Universidade Católica.

Muito antes do início da invasão, o discurso interno de Putin foi construído à volta da ideia de que a Ucrânia é uma ameaça para a Rússia. Para isso, o Kremlin agitou o fantasma de um genocídio russo no país e acusou o governo ucraniano de ser nazi - duas acusações sem adesão à realidade. "Os espectadores da televisão russa na semana passada provavelmente ficaram a pensar que o país está apenas envolvido numa pequena operação [militar] no sul da Ucrânia, e que o governo ucraniano tem o objetivo de provocar uma guerra maior", disse a analista política independente Tatyana Stanovaya ao "The Guardian". "É totalmente possível que eu apoiasse Putin e a sua operação militar [se só visse a televisão russa]", acrescentou.

"Para justificar o ataque, Putin está a apresentar os inimigos como uns bárbaros que não merecem respeito", resume Nelson Ribeiro - um processo que já aconteceu noutros conflitos bélicos como a Segunda Guerra Mundial e a Guerra no Iraque (de ambos os lados).

Artigo completo disponível no Expresso Online.