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Querer (mesmo muito) agradar aos outros: qualidade ou defeito? No mundo dos “people pleasers”

Segunda-feira, Julho 19, 2021 - 16:57
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A psicóloga Augusta Gaspar, da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, sublinha o facto de serem os jovens os mais vulneráveis a agradar para terem aprovação e serem aceites pelos pares, tanto mais que estão numa fase de desenvolvimento em que as emoções ainda não estão reguladas e são vividas intensamente.

A necessidade de relacionamento só é verdadeiramente satisfeita quando o "eu autêntico" é aceite Augusta Gaspar, especialista em psicologia das emoções. Na vida adulta já se pode ter uma abordagem diferente: "Pertencemos a grupos e organizações com os quais temos afinidades mas não nos definimos ou identificamos com apenas um: o que está a ser aceite é a pessoa tal como é e não alguém idealizado."

A chave para mudar e ter uma vida mais satisfatória passa pela aprendizagem do autocuidado e de outras competências pessoais e sociais. "A psicoterapia é um caminho, mas há outros", nota Daniel Cotrim: "Já tenho sugerido a alguns pacientes que façam um curso de comunicação assertiva para serem capazes de dizer sim e não, ou formações para falar em público, para que aprendam a expor-se e desenvolverem a autoestima."

ENTREVISTA: 3 PERGUNTAS A AUGUSTA GASPAR

O que leva as pessoas, sobretudo as mais jovens, a agradar aos outros em demasia?

Uma das necessidades psicológicas mais básicas do ser humano é a de relacionamento. Mais do que estabelecer relações com os outros, querem sentir aprovação e ser aceites, por necessidade de pertença, nos grupos de amigos, nas organizações, na comunidade. A maior parte das pessoas esforça-se muito para ter essa aceitação e perceção de pertença. Nos mais novos, especialmente nos adolescentes, há uma necessidade mais intensa de relação e de aprovação pelos pares. Nesta fase da vida, o cérebro está a desenvolver circuitos relacionados com a regulação emocional e do comportamento social, e estão a consolidar-se processos de identificação com grupos, valores, etc. Entre os 12 e os 16, a empatia é bastante forte mas ainda não está tão regulada como nos mais velhos, o que facilita o stresse emocional, o condoer-se com aquilo em que antes não se reparava, o ajudar, o impulso de dizer sim. 

Quais as consequências que isso tem na saúde e nas relações com os outros?

Nos mais velhos, naturalmente, a impulsividade é reduzida e a empatia mais construtiva, orientada para a ajuda, mas não é lesiva para a auto-estima. O sentimento de valor próprio, não depende da aceitação de um grupo em particular e a identidade está consolidada. É preciso perceber que a ação da pessoa não é conduzida exclusivamente pelo desejo de agradar a todos. A necessidade de relacionamento só é verdadeiramente satisfeita quando o “eu autêntico” é aceite. Se mudar em aspetos fundamentais, consoante a pessoa ou grupo, para agradar, nunca consegue estar verdadeiramente bem, numa relação próxima, verdadeira, de confiança e apoio.  

Como relacionar-se de forma satisfatória, sem a sensação de “dar tanto e receber tão pouco”?

Se a pessoa acha que tem um problema – o desejo de agradar e dizer sim – que conflitua com outras necessidades suas, pode ser um bom começo investir no autoconhecimento e recorrer à ajuda de um psicólogo ou a serviços online, como portal público e gratuito que a Ordem dos Psicólogos Portugueses disponibiliza, com informações e recursos sobre Saúde Psicológica e Bem-Estar, cientificamente validados.

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