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Rui Gaspar: "A vacinação é só um dedo." Precisamos da mão toda para combater a pandemia

Sexta-feira, Janeiro 15, 2021 - 19:11
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TSF

A metáfora é usada por Rui Gaspar, professor auxiliar de Psicologia na Universidade Católica, para explicar porque é que a vacina não dispensa as outras medidas de proteção contra a Covid-19.

Rui Gaspar - press news

Rui Gaspar refere que "os portugueses habituaram-se aos números"

Na passada terça-feira, na reunião do Infarmed, a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa apresentou um estudo que conclui que disparou, a percentagem de pessoas que não usou máscara durante a época de natal e ano novo. Passou de 25 para 60 por cento em menos de um mês e este aumento inclui quem estava em grupos de 10 ou mais pessoas.

Perante esta conclusão, a TSF perguntou a Rui Gaspar, coordenador da Pós-Graduação em Comunicação em Saúde Pública na Católica, o que pode explicar este comportamento. O especialista começa por falar de algo a que chama de "contágio social".

Afinal, o ser humano também age por "imitação" daquilo que vê aos outros. Se os outros não usam máscara, porque motivo hei-de ser eu a usá-la? Ainda mais quando estou em família, num ambiente "seguro"?

"Poderá ter havido, na altura das festas, uma certa pressão, quase que escondida, para não usar máscara (...) Porque é que estás a usar isso??? Aqui não há ninguém contagiado". Foi quase uma "nova norma" aplicada em família, no Natal, explica o especialista.

Depois, a máscara é uma barreira, é desconfortável e exige muito esforço, até financeiro. As pessoas estão notoriamente cansadas, a "fadiga pandémica instalou-se" e pode estar a contribuir para um certo relaxamento. Mas, então, como fazer os portugueses voltarem a cumprir como antes?

Mostrar bons exemplos

O professor da Universidade Católica acredita que isso é possível, nomeadamente, se forem salientados bons exemplos. Mostrar, não apenas, que o uso de máscara está a cair, mas, sobretudo, que a maioria ainda o faz. O mesmo se aplica à distância física de dois metros, que o estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, também revela que é cada vez menos mantida.

Salientado que não quer entrar em questões políticas, Rui Gaspar nota que seria importante lançar apoios, já que "estamos constantemente a comprar máscaras". O investigador recupera a ideia antiga da disponibilização generalizada de máscaras gratuitas, e não apenas para os profissionais de saúde.

Depois há a questão da vacina, que também terá contribuído para algum "excesso de confiança" que se gerou na sociedade. Rui Gaspar defende que a comunicação a este propósito "pareceu que se estava a dizer que esta é a principal medida e as outras passam para um plano secundário, o que não é verdade".

"A vacinação é só um dedo"

Oiça na íntegra a entrevista na TSF aqui